segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Sonhos antigos e a doce surpresa atual

Não cabe aqui descrever a história do psy-trance, mas basta dizer que essa música dionisíaca, embriagante cessou de oferecer subsídios existenciais aos jovens. A união com o Todo, ou desiludiu essas pessoas, ou tal união não passa de falácia. Em ambos os casos, a troca da experiência pagã por uma ética espiritualista, um paganismo altruísta e voltado ao outro e à supressão de preconceitos indica uma crise entre esses jovens. Uma crise existencial profunda, que tentam suprimir através dessa ética nova no espírito trance.


Agora, basta lembrarmos que tal crise não se contenta, não se suprime por essa ética. Pelo contrário, ela existe apenas como paliativo ou caminho para a uma tomada de consciência perante o abissal mundo de mentiras, apoteose de imbecilidades e deslumbramentos vazios, crises éticas e religiosas, descrença e fatalismo, mas principalmente, é um espírito crítico, inimigo do conformismo, e inimigo ainda mais feroz dos valores neocapitalistas.


Um último ponto a ser considerado é a completa inconformidade como o que há de fatalista, fraco, imundo, corrupto no mundo dito guardião dos valores enaltecedores e virtuosos. Dito de outra forma, essa sociedade está cavando sua própria cova. A revolução desses jovens em níveis filosóficos será de natureza histórico-crítica, e lógico-metafísica pela sua espiritualidade; trata-se de um despertar da consciência crítica sem ideologias. Trata-se, portanto, de uma revolução social, de uma completa e integral revisão e reestruturação das relações humanas, de avaliação dos saberes, valorização da racionalidade perdida para o consumismo bestificante, destruição de valores antigos, recuperação da abstração face à inutilidade do pensamento existencialista frente a um conhecimento que parte do ser, mas é transcendete a ele, não filosofia como arte, mas a busca da verdade como filosofia, razão como busca da plenitude do conhecer.


Termino aqui revelando que tenho grandes esperanças nessa revolução que vem crescendo, uma mudança por dentro, não fuga, por isso mesmo, nada a ver com o fracasso hippie. É também algo sério, politizado e se trava na busca constante do conhecer. Espero que essa revolução não tenha me enganado em profundidade, e, o que desconheço de suas futuras consequências, anseio por conhecer, por ver e sentir. Meu tempo já passou, parece, em participar ativamente desse espírito, mas pretendo ajudar indiretamente, mesmo com minhas orações. O mundo como está não pode ficar...

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Considerações sobre a nova ética jovem

É preciso voltar à metafísica de artista por um momento. Recentemente tive provas de uma espiritualidade centrada nas raves, um tipo de manifestação jovem de amor à música eletrônica, como uma forma de unir as pessoas por essa música. Decidem também por uma consciência crítica da realidade, uma intelectualidade viva, não relativizante ou indiferentista, mas livre de ideologias e preconceitos, baseada mais na análise da realidade (seja pelo método marxista puro, seja pelo gramscianismo, mas muito mais seguindo não-oficialmente a escola de Frankfurt). Existem contradições enormes aí.


1-A metafísica de artista não pode existir nessa resposta espiritual, porque tanto o apolíneo é um resultado da moral dita 'nobre' dos aristocratas quanto o dionisíaco é pura embriaguez, hedonismo imoral.


2-Se o novo espírito ravista opta por uma união social, uma identificação entre esses jovens, significa que o hedonismo falhou como uma forma de se chegar ao Uno, falha nem é tanto a relação entre a metafísica de artista e a ontologia dos baladeiros, mas é muito mais deficiente que se chegue a qualquer compreensão de qualquer princípio motor da realidade por essa via. Vê-se o hedonismo como pura estupidez, um exagero dos anseios adolescentes, um querer superficial de prazer, de sentir esse prazer. Embora não haja moral propriamente dita, a nova ética formula uma filosofia espiritualista, portanto, dualista, e distante do caos pagão, embora deveras longe da identificação do monoteísmo. Ainda assim, a dualidade abre um caminho para uma possível identificação...


3-A opção pelo marxismo, seja que corrente for, é pela análise da realidade, é uma opção pela hermenêutica filosófica, um voltar a uma forma materialista de se ver o mundo pelo simples motivo pragmático de adquirir uma espírito histórico-crítico. Mas a dualidade, a espiritualidade, quebra a ideologia, consegue uma originalíssima contra-ideologia e se questiona a si mesma, quase com rigor científico. A dialética é aceita, e com ressalvas, mas o materialismo é rejeitado, ainda que não totalmente. Transita-se dialeticamente entre o Hegel e Marx, mas muito liberalmente. O ponto central, o único critério, é a desmistificação da manipulação psicológica e mental do capitalismo moderno, dessa sociedade robotizada e escravizante, seja pela moda, costumes, moral consumista, seja pelo desprezo a tudo que não é industrializado, esteticamente concebido como ideal.


4-Se há uma ética, não há hedonismo puro. Há equilíbrio entre o idealismo e o materialismo. Tudo, nessa nova visão, é, então, equilíbrio. Isso por si só a aproxima muito do new age astrológico, até do ocultismo, mas não se confina a isso. É um despertar racional de uma pequena parcela de jovens contra a ilusão que o embate de ideologias criou, contra o fanatismo socialista e, principalmente, contra a mentira global da globalização, do capitalismo global.




O que merece melhor detalhamento é o que motivou essa tomada de posição, o que essa visão combate já foi discutido no post anterior e um pouco nesse, e a origem do trance...

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Realidade metafísica

No fundo, sabemos que essas considerações metafísicas são tão vazias de sentido quanto de  conteúdo pessoal, de afirmação da minha liberdade criativa. São de uma qualidade risível, cheia de preconceitos, críticas vorazes contra si mesma, acaba por se autodestruir. É um círculo vicioso de imposição, crítica e reparos de incongruências, reparos que já são novas imposições.



É também uma tentativa desesperada de contornar uma situação triste e fria, uma tomada de partido em uma guerra de instintos indeléveis, uma constante briga pelo poder, conflito entre a moral velha e retrógrada, o sentimento burguês-velho, a religiosidade decadente contra a idiossincracia dos novos meios de comunicação, a ditadura da moda esdrúxula, a estética morta de sentido e de simbolismo, o impressionismo comido e mijado, a estupidez e mesquinharia dos novos burgueses, criaturas ignóbeis e parasitas, sedentos por poder, à procura de carne fresca para se alimentar, exploradores das mentes dos novos operários, escravos dos próprios sonhos e projetos, suicidas contumazes, assassinos de seu corpo e de sua mente, chafurdando, como os porcos que são, em suas faculdades que ensinam a manipular sonhos de outras criaturas suínas, sentindo-se orgulhosos de seu papel no 'mercado de trabalho'.



A falsidade desse impulso em estabelecer juízos de valor, explicações racionais para a irracionalidade desses animais imundos que se afogam em bebidas alcoólicas, entorpecentes, amostras primitivas de selvageria e brutalidade constantes, a incapacidade de viver em sociedade, o amor ao nada, a falta de perspectivas, tudo isso, motivou as últimas postagens também. Mas para que se saiba minha visão sobre a realidade, sem achismos e obscurantismos, sem deturpações de veracidade histórica, é bom firmar o pé aqui e gritar pela derrubada da estupidez!!!



Abaixo a idiotice, os palhaços consumistas, a falta de noção, o desespero pelo inferno barato e prostituto que se chama vida!!!