quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Considerações introdutórias sobre sexualidade extramoral

Uma nova preocupação me atingiu hoje: esperando poder comparar os novos impulsos hedonistas com as manifestações dionisíacas, sou obrigado a me desviar da proposta inicial por um momento e tecer comentários bem mais marxistas sobre a cultura contemporânea.



Tenho ouvido, lido e visto notícias sobre a prática sexual entre jovens de 12, 13 anos em banheiros e outros locais mais reclusos das escolas, e ainda a divulgação das práticas por filmagem exposta na internet. Temos de considerar:


-até que ponto essa nova ‘moda’ é expressão de transgressão, rebeldia, quebra de limites por parte desses jovens;


-o grau de influência da exposição midiática do corpo e da própria sexualidade, a banalização desses instintos, encarados não mais como sagrados ou pecaminosos, ou mesmo saudáveis, mas como produto de venda, e aqui coloco a publicidade no epicentro, por chegar aonde a pornografia não chega;


-seria talvez a força do amor pela exposição de si e de suas paixões, de seu ser ao mundo;


-superexposição da intimidade causada pela nossa sociedade, com o reinado das celebridades e o que as pessoas fazem para se comparar a esses novos ídolos, o que já denota um enfraquecimento de personalidade;


-distúrbios psicológicos, traumas causados por diversos motivos: clima familiar instável, personalidade problemática etc;


-a transvaloração ocorrendo inconscientemente, com a quebra das tábuas da moral e dos ditos ‘bons costumes’, um impulso de liberação sexual precoce tendendo a levar essa juventude a transpor limites e a se entregar cada vez mais ao outro, ou mesmo a se entregar mais para si e relegar a moral ao esquecimento. Essa última hipótese me parece improvável pelos seguintes motivos:


1-essas crianças, por mais rebeldes que pareçam ser, tem consciência dessa moral, apenas a ignoram sem se preocuparem com as conseqüências, ou ignoram a libertinagem como pecado.


2-a despreocupação com o prazer sexual, mais movidos pela cultura do exibicionismo e pela ridicularia da moralidade que por uma transvaloração. Os valores, aliás, parecem os mesmos, apenas são desrespeitados, o ideal não vale nada, é como se não existisse.


-aqui talvez uma variação, o prazer é buscado por ele mesmo, e o exibicionismo é parte desse prazer, logo, as considerações morais, psicológicas, midiáticas têm sua influência, mas ainda falamos aqui de um profundo despertar para dentro de si, um acordar para o corpo e uma morte para todo idealismo fora do prazer carnal, belo em si mesmo.


Desnecessário dizer que considero essas influências ditas externas participantes desse processo, mas ainda creio que essa nova loucura é bem mais interna, íntima, escondida nos véus da irresponsabilidade infantil, é ainda mais interna por ser infantil, ingênua. Aqui o apolíneo apenas esconde pela infantilidade das formas de agressão, de ruptura moral, um impulso verdadeiramente novo de busca pelo prazer, busca sem remorso, sem culpa, uma satisfação dos instintos mais profundos. Agora podemos analisar crianças mais velhas.


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